domingo, 11 de março de 2012

A ARGOLA DO TEMPO DOS TROPEIROS

Patrimônio de Governador Valadares

 ...Ora, a obra de que uma sociedade que remodela,segundo suas necessidades, o solo em que vive é, todos instruem isso, um fato eminentemente “histórico”.... MARC BLOCH APOLOGIA DA HISTORIA OU O OFICIO DE HISTORIADOR p.52 
Nesta cidade de Governador Valadares também existem marcas de um passado não muito remoto, o tempo  dos tropeiros, grupo que por aqui passaram, e deixaram vestígios dessa  passagem, UMA ARGOLA. Nela eram  amarrado os burros e mulas, ali  eram deixados o tempo necessário para tratarem as cargas e fazerem as compras que levariam de volta. E atualmente onde poderá ser encontrar este  objeto de memória?Fica ali próximo a um "meio fio", limite entre a rua e a calçada, para ser mais exato e fácil de ser localizado, o endereço é na Rua Marechal Floriano, em frente a casa de número 1188.  Aquele é um PATRIMÔNIO valadarense,  se consiste em estar abandonado, desacreditado de sua importância  como local de MEMÓRIA,  é porque não colocaram nele uma placa, esqueceram de seu valor para a educação,  o conhecimento dos jovens, evitando que estes conhecessem melhor a HISTÓRIA dessa gente, por esta falta de identificação não o faz menor ou diferente do PICO DA IBITURUNA,   ele é símbolo de uma TEMPO em que o transporte era feito em lombos de mulas, burros e cavalos, cotidiano de uma era vivenciado por pessoas daqui,  que moravam na cidade  na quelas ocasião, quando estes animais podiam circular livremente pelas ruas, traziam e buscavam mercadorias, e ainda existia uma relação de comércio, compra e venda direta. 
Alguns tropeiros vendiam alimentos trazidos da lavoura, roça, e ao chegar à cidade, compravam produtos indispensáveis ao campo, eram foices para fazer o roçado, machados, enxadas,  tecidos, entre eles os listrados, "carne seca", as chitas com  desenhos de flores bem colorido; também panelas de ferro, ferro de passar roupa, aquele onde colocava a brasa, ainda  vermelha  e  ferraduras para a tropa. 
Governador Valadares ainda não era  uma cidade "grande" como a que conhecemos,  era   pequena, suas ruas de terra, hoje muitas estão asfaltadas, abarrotadas de veículos, que circulam de um lado para o outro, faltam lugares para estacionarem os carros, até mesmo ficou difícil um pedestre atravessar as ruas, problemas  das grandes  capitais, avanços esses  entre outros deve-se  ao aumento da indústria automobilística brasileira do século XX. 
A ARGOLA É UM PATRIMÔNIO CULTURAL DA CIDADE, MEMÓRIA. SÍMBOLO, DE UM TEMPO na cidade onde existiram pessoas que ficavam inquietas nas portas a esperar pelo toque do CINCERRO do BURRO ou MULA  guia, objeto  levado pendurado no pescoço daquele animal que ia bem a frente da tropa,  este diferenciado dos  outros, por ser todo enfeitado, a ele era dado  tratamento especial,  colocavam peitoral de prata,   considerado  comissão de frente do desfile, o "cartão de visita" do tropeiro, da chegada da tropa, comitiva e das novas  mercadorias, este animal trazia em sua indumentáia  identificavam o poder econômico do dono dessa tropa.
Os TROPEIROS chegavam à cidade cansados, durante semanas de viagens pernoitavam em RANCHOS, nestes alimentavam-se e davam de comer a TROPA.  O RANCHO mais conhecido pelo Senhor Joaquim Inês, tropeiro daquela época, localizava-se nas imediações do PONTAL, era o do  MANASEZO, nome assim conhecido  pelos outro tropeiros da região. Este RANCHO  ficava perto da cidade  quem  dormia lá  soltavam  seus animais para pastorear livremente pela fazenda do ministério. Quem lá dormiam, chegavam cedo à cidade, de manhãzinha, ao raiar do dia, eram os primeiros a vender o que traziam, algumas vezes vendiam tão rápido suas mercadorias, que retornavam no mesmo dia. Outros no entanto, permaneciam,  era a oportunidade de conhcer outros tropeiros vindos de outras regiões do Brasil,  o comum  entre eles, eram as trocas  de objetos, informações, notícias, ou uma boa oportunidade para livrar-se de um burro fujão,  negocio que era conhecido como barganha.
 No momento de voltar para casa, alguns tropeiros não se esqueciam de levar os minos,  "as coisas da cidade",  em meio a tantas novidades, não poderiam esquecer os biscoitos, pães, e para as crianças, os filho, levavam a bala da abelhinha, aquela embrulhada com um papel e nele a marca, o desenho de uma  abelha.
Mas existiam outros RANCHOS: como o de uma dona chamada MARIA, local também proximo do PONTAL, quando deste se lembram os tropeiros. Dão gargalhadas, as noites de lá eram animadas,  MARIA, mulher corajosa, destemida, se provocada por  algum tropeiro inconveniente, a mulher desafiava-o para um TRUCO, se o  “desajuizado” aceitasse o jogo, acabava voltando para casa com os bolsos vazios. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 
SOARES, Ruth. Memórias de uma cidade.
TINHORÃO, José Ramos. Música Popular: um tema em debate 3º ed.
VAZ, Anita. Frutos de Uma Figueira. Vol 1
MARC BLOCH Barc  Leopordo Benjamin,1886-1944
APOLOGIA DA HISTORIA OU O OFICIO DE HISTORIADOR.
LUCIA, Vera Amaral Ferlini, A Civilização do açúcar.

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