sexta-feira, 23 de março de 2012

OS ANOS DE 1964 EM GOVERNADOR VALADARES E A PRAÇA 13 DE MAIO.



 
fotos do acervo particular de ana assis da silva, placa da praça  13 de Maio, cidade: Governador Valadares.
 O  ano de 1964 foi um  tempo temeroso não só na cidade mas em todo o país, conflitos nacionais, e estes afetram diretamente a democracia do Brasil, pois a crise nacional já vinha desde 1961, com a renúncia de Jânio Quadros, o seu Vice-presidente da Republica, João Goulart, foi “obrigado” a assumir o governo  
Com as medidas tomadas por Goulart, a instituição do parlamentarismo prometia grandes reformas sociais, a nacionalização das empresas estrangeiras, “o País estava enfrentado conflitos com a questão agrária”. A oposição ao seu governo passou a ser ferrenha, principalmente no meio das Forças Armadas e de alguns governadores, todos estes destinados a afastar do poder o presidente brasileiro. Mais tarde isso tudo, e outros problemas, deflagrariam na Ditadura Militar, Tempo este que vai de 1964 a 1985 na história do Brasil.
  Ainda em 1965 as manchetes do principal jornal na cidade de Governador Valadares não escreveu sobre o carnaval, se teve ou não teve essa festa, ainda não se sabe. O que surge com frequência nas páginas do jornail que circularam naquele ano são convites das “senhoras valadarenses”, são convites em classificados, para reuniões em prol dos bons costumes e das famílias. No Jornal o Diário de Rio Doce, ainda foi noticido as eleições para governadores estaduais que estavam acontecendo no Brasil naquele ano. Nada sobre a Ditadura Militar, nem sobre o carnaval, se quer escreveram sobre “os problemas na cidade” crise esta que tinha deflagrado  um ano antes, "uma espécie de racha” entre as Federações Rurais, Associação Comercial, e a Federação das Indústrias que culminaram em forte “conflito” na cidade do leste de Minas Gerais, os representantes agrários foram perseguidos, Chicão lider sindical  saiu em fuga da cidade e caçado como fera. Um grupo de mulheres aqui  sairam  as ruas, como aconteceu também em São Paulo, lá ocorreu a “Marcha pela família com Deus pela liberdade”, aqui também fizeram passeata, contra a "ameça comunista que paraiva os brasileiros" e principalmente os Valadarenses.
Um marco desse tempo que pode ser encontrado na cidade de Goernador Valadares é a Praça da “Mulher da Boca Aberta", nome pelo qual todos a conhecem. Nome dela, é  Praça 13 de Maio, lá existe um busto de mulher, com a boca aberta, é muito comum sofrer ataque de vândalos, que colocaram em sua boca inúmeros objeto,  é  pinchado com frequencia.
A passeata, manifestações feita por estas mulheres deveu-se  as suas ideias contraria ao decreto assinado em 1964, pelo presidente João Goulart, que em um comício na Central do Brasil,  Rio de Janeiro, assinou publicamente o decreto  que findaria com o seu mandato, entre outros o decret nacionalizava todas as refinarias particulares de petróleo, fixava o trabalhadores rurais em áreas adequadas, estabelecimento e manutenção de colônias e ´nucleos ou cooperativas de povoamento, criava a “SUPRA” (Superintendência da Reforma Agrária).  Apos esta assinatura os problemas aumentaram no Brasil, e em Valadares a repercussão foi grande, pode ser compreendido em trechos do livro de Carlos Olavo da Cunha Pereira, Nas Terras Do Rio Sem Dono.
Sobre o assunto escreveu Pereira  p. 135.



De um lado, os líderes sindicais e políticos populares se alinhavam a favor do decreto da SUPRA, do outro lado, a associação rural e a associação comercial e as figuras mais representativas dos fazendeiros, comerciantes e seus líderes políticos radicalmente contrários ao decreto. Em Governador Valadares, onde foi muito agudo o problema da terra.

Os jovens da cidade, não podem imaginar esse cenário,  foi coisa séria para o povo da cidade. Assim, ninguém dançou o carnaval nem transformou a realidade em sátira como os foliões faziam todos os anos em Governador Valadares. 
 

Referencias Bibliográficas 

Pereira,Carlos Olavo da Cunha, Nas Terras Do Rio Sem Dono.

        SEBE, José Carlos. Carnaval, Carnavais. São Paulo: Ática, 1986
 SANTOS, Pirajara dos. O Katzensprung, Crônicas de fatos reais com    personagens        reais. Dezembro de 2000.
SOARES, Ruth. Memórias de uma cidade.

 

terça-feira, 20 de março de 2012

A ESCOLA DE SAMBA MILIONÁRIOS DO RITMO NA CIDADE DE GOVERNADOR VALADARES




Foto cedida pelo Museu Municipal de Governador Valadares
Tema: Desfile da Escola de Samba Milionários do Ritmo na Avenida





O carnaval da cidade de Governador Valadares não era diferente dos outros carnavais do interior do Brasil. Procurava ter, e mantinham um relacionamento com os representantes do carnaval e das escolas de samba do Rio de Janeiro. Naqueles tempos a festa aqui  não tinha tanta repercussão na Televisão, atualmente, os ultimos carnavais são  bem mais comentados, falam de uma festa que nem existe 'mais", ouvi-se em quase todos os meios de comunicações da cidade noticias desse tempo. No passado, para terem maiores contatos com essa festa,  e não ficarem desatualizados dos enrredos e dos desfiles, os foliões de Valadares tinham que ir até a cidade “Maravilhosa”, o Rio de Janeiro, lá procuravam todos os meios e informações, saber todas às novidades, o que acontecia de novo no "mundo"do samba e no âmbito carnavalesco, estas informações eram trrazidas para a cidade. Artimanha estas, que eram usadas  pelos carnavelcos daqui, para não perder esse contato, que chamavam de “amizade”, “relacionamento” de interesses entre eles, aplicados anualmente pelos presidentes de escolas de samba de Valadares, tratamento esse que preferiam  dar "o nome" de honras, respeito, esplendor, pois acreditavam que os presidentes de lá, além de terem,  mereciam, pois contavam com influencias, experiências, e poder econômico para ajudá-los. 
A amizade girava em torno do relacionamento existente entre eles, o carnaval. As grande escolas de samba do Rio de Janeiro e as pequenas escolas de samba de Governador Valadares, além da "amizade", existia o comécio que rendiam "lucros" a ambos,  forma das escolas de Samba do Rio de Janeiro "livra-se" das "velhas" fantasias dos desfiles anteriores, limpar os barracões para fazerem as novas e ganhar dinheiro.
 A “amizade” entre eles aumentavam bem mais quando os tempos dos carnavais aproximavam, os presidentes das escolas de Samba de Governador Valadares, "em comitiva" iam até a cidade do Rio de Janeiro para "visitar"e conseguirem de graças, ou  por um preço baixo as fantasias dos desfiles dos anos anteriores, convidavam "amigos sambistas" de lá para virem a cidade de Valadares, e estes quando aceitavam, eram recebidos e tratados muito bem, forma de estreiter os laços para os próximos carnavais.
A Escola Milionários do Ritmo usava esse recurso, "amizade" como "moeda", estes interesses “laços de amizade”, especialmente estavam mais ligados a uma escola específica, a Escola de Samba Imperatriz Leopoldinense do Rio Janeiro, essa ligação era mais por falta de recursos econômicos,outro fator que favorecia eram as cores usadas por aquela escola,  e estas agradavam muito a diretoria da Escola Milionários do Ritmo,  à escola Imperatriz usava e usa em suas fantasias as cores verde e branco. Se os representantes da escola Milionários usava brano e vemelho, se tivessem sorte e consegissem as fantasias do ultimo desfile, e comprassem-nas, chegavam aqui, aproveitavam a cor branca, eliminavam a cor verde, refaziam as fantasias para saírem  na festa do carnaval de Governador Valadares com "roupas novas" naquele ano.
Aproveitando-se dos modelos das fantasias que traziam de lá prontas, o custo  ficava baixo, assim apresentado um desfile luxuoso na cidade de Governador Valadares, só que estavam com um ano de "atraso".
 Mas, porem com as novidades das fantasias, vindas dos desfiles dos carnaval das escolas de samba do Rio de Janeiro, aida necessitavam ajuste e modificações. Dona Maria,  esposa do “Buti", aquele que presidia a Escola de Samba Milionários do Ritmo, e outras muitas mulheres que faziam parte da escola e dançavam como sambistas e passistas, reuniam-se a noite, depois do trabalho, em forma de “mutirão,” para ser mais exato formavam "um batalhão da folia",  desmanchavam as fantasias vindas do Rio de Janeiro, refaziam todas em um curto tempo, mas a falta de dinheiro era muita, e nesse tempo curto, não conseguiam fazer  desaparecer por inteiro os vestígios dos carnavais carioca, estes geralmente eram percebidos no rodopiar das saias das baianas ao longo da avenida Minas Gerais.
As escolas de samba da cidade recebiam uma pequena verba da Prefeitura Municipal para ajudar a custear a "compra" das fantasias. Porém, era uma quantia "irrisória" a festa  quase sempre era custeada pelos componentes das escolas de Samba, além dos  preços altos, que tinham que pagar  para irem ao Rio de Janeiro comprar as fantasias, usavam ainda parte do  orçamento familiar na festa, gastavam dinheiro do próprio bolso, pagavam passagens, hospedagens e as despesas pessoais, idas e vindas à cidade do Rio de Janeiro.
Lá eles passavam por humilhações, pechinchavam e pediam fantasias usadas. Em uma dessas viagens ao Rio, um componente da equipe  do Samba valadarense, cometeu uma "gafe" com um bicheiro dono de Escola Samba daquela cidade, o folião,  querendo agradá-lo, tratá-lo bem, chamou este  de “doutor”, o  homem ficou tão nervoso, ofendido, acreditava ter sido desrespeitado, acreditando ser ironia,  querendo livrar se deles, acabou  liberando as fantasias por um preço baixo, deram outras tantas de graça para despachar o grupo, e assim eles voltaram para Governador Valadares o mais rápido possível.
Os representantes das escolas de samba de Governador Valadares só conseguiam acesso aos barracões das escolas do Rio de Janeiro, porque tinham amizade com um dos compadres dos bicheiros. Sabe-se que a proximidade, o jeitinho, a amizade sempre foi uma moeda valiosa no Brasil, sendo esse recurso utilizado na política, este não deixou de ser utilizado pelos carnavalescos de Governador Valadares, e eles usaram “do famoso jeitinho brasileiro” a amizade na folia.

Referencias Bibliográficas

DAMATTA, Roberto. Carnavais, malandros e heróis; para uma sociedade do dilema brasileiro. Rio de janeiro: Editora Rocco, 1997.
DAMATTA, Roberto. Conta de mentiroso; sete ensaios de antropologia brasileira. Rio de janeiro: Editora Rocco, 1993.
DAMATTA, Roberto. O que faz o brasil, Brasil?, Rio de Janeiro: Editora Rocco,1984.

BRUHANS, Heloísa Turini. Futebol, Carnaval e Capoeira : Entre as gingas do corpo brasileiro. Campinas: Papiro, 2000.
COSTA, Edimar Campelo. Epopéia de Pioneiros. A História de Governador Valadares.
SOARES, Ruth. Memórias de uma cidade.
TINHORÃO, José Ramos. Música Popular: um tema em debate 3º ed.