terça-feira, 13 de março de 2012

TRENZINHO DA ALEGRIA




Patrimônio de Governador Valadares


O patrimônio imaterial, por ser vivo e significativo para determinados grupos, se mantém ao ser transmitido de geração em geração e, ainda, por ser constantemente recriado em função do ambiente social, da interação que estabelece com a natureza e, principalmente, com a história e a memória social, gerando um sentimento de identidade coletiva, de orientação e de continuidade dessa tradição. Contribui, e muito, para se refletir sobre o respeito à diversidade cultural e à criatividade humana." (Mariza Guerra de Andrade p.75)

O Texto postado hoje discultirá a importância do TRENZINHO DA ALEGRIA de Governador Valadares como PATRIMÔNIO CULTURAL da cidade, Interrogo, Você é de Governador Valadares? Se respondeu que sim! Quantos anos tem? Mais ou menos de trinta? Lembra-se de seu tempo do criança? Se for de Governador Valadares ou já morou  aqui deve ter dito sim, certamente se não correu já sentiu o desejo de correr atrás dele, O TRENZINHO, viu quando ele passou, ouviu falar sobre ele,  no momento em que este passa pela rua tudo se transforma. 
Com certeza que as quintas-feiras e aos domingos  ele estará no centro da cidade. Desde o começo de sua circulação pelas ruas, ele esta lá, vai e vem  a periferia, de alguns bairros em que o carro tenha condições de circular, o comportamento das crianças do centro não é diferente dos da  periferia, acontece a mesmo coisa com ambas, o que se via no passado ainda vê, nada mudou, continua  a mesma "bagunça" misturada com festa, alegria da criançada quando a música toca, as pessoas que estão andando pelas calçadas encostam-se às paredes da casas e lojas para não serem atropeladas pelas crianças. Aparecem  meninos vindos de "todos os lados",  de "todas as ruas" alguns correndo a pé, descalços, outras de bicicletas,  tantas quantos pendurados nos quadros e nos bagageiros dos veículos, pelas ruas em que o Trenzinho passe  ainda é uma euforia, o imaginário infantil, o Lúdico, a fantasia predomina. 
Ao escutar à música, chegam em disparada, certo que mais meninos que meninas, mas não é difícil encontrar uma meninas a meio a multidão de garotos,  já aconteceu de algumas  mães saírem à procura de filhos "perdido" pelas ruas por terem seguido o Trenzinho da Alegria. 
A medida em que  o Trenzinho vai se distanciando de suas casas, as crianças não desistem, continuam a segui-lo. Algumas se esquecem de voltar, só lembram  quando estão longe,  quando já não reconhecem as ruas ou o bairro. Irmãos maiores vão a procura de irmãos menores, com a correria ficam cançadas, quem está de bicicleta carrega quem esta a pé, o importante é segui-lo,  "recusando" a deixa-lo, não sendo mais  possível, voltam para casa, sujos, suados, desconfiadas,  por terem ficado tanto tempo "desaparecidas",  durante horas após a passagem do TRENZINHO DA ALEGRIA em suas ruas.
 Se É PATRIMÔNIO CULTURAL, faz parte da MEMÓRIA da INFÂNCIA, do cotidiano, é uma  linguagem do(s) corpo(s),  sentimento, alegria das crianças, como o SAMBA,  a ginga a capoeira, o Trenzinho pode ser considerado, sentimento, PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL da cidade e de seu povo. Tal qual a viola e a flauta, a sanfona, o batuque, o requebrado e o queijo  Mineiro que são Patrimônios.  O TRENZINHO? Ele esta ai, e faz parte da MEMÓRIA de muitas criança da cidade, faz parte do LÚDICO, A ALEGRIA, a  MEMÓRIA DA INFÂNCIA,  de muitas crianças O IMAGINÁRIO INFANTIL.
Esse diálogo, conversas sobre a Cultura da cidade de Governador Valadares, faz-se necessário, falar de temas referentes ao Patrimônio da Cultura Local. O TRENZINHO DA ALEGRIA é parte da MEMÓRIA LOCAL, constituindo marca de identidade que permanece no tempo costumes que são transmitidos às crianças que nascem. Acreditar que falta material didático nas escolas para desenvolver estudos  que discuta tais fatos em sala de aula, então seria importante  abordarem.
Trabalhar a Memória Local nas escolas, o sentimento de “posse”, de pertencimento à HISTÓRIA LOCAL, fazer parte daquilo que é ensinado e aprendido. Se as crianças, os jovens, os educando, desenvolvem este sentimento, possivelmente vira a cuidar mais dele, preservarão aquilo que é seu, o Patrimônio Cultural desta Cidade, sentirão parte dele e de sua HISTÓRIA.

 Referência Bibliográfica

 Pereira,Júnia Sale, RICCI, Claudia Sapag. Produção de material Didático para a Diversidade. Belo Horizonte, Brasília, Faculdade de educação e centro de Pedagogia da UFMG, Seead, Mec, 2010. BARBOSA, Ana Mãe. Arte-Educação No Brasil. 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 1995.
 __________. Tópicos Utópicos. Belo Horizonte: Cia. da Arte, 1998.
 BITTENCOURT, C. M. F. Livro Didático e Conhecimento Histórico: uma história do saber escolar. Tese de doutoramento, FFLCH, Universidade de São Paulo, 1993.

domingo, 11 de março de 2012

A ARGOLA DO TEMPO DOS TROPEIROS

Patrimônio de Governador Valadares

 ...Ora, a obra de que uma sociedade que remodela,segundo suas necessidades, o solo em que vive é, todos instruem isso, um fato eminentemente “histórico”.... MARC BLOCH APOLOGIA DA HISTORIA OU O OFICIO DE HISTORIADOR p.52 
Nesta cidade de Governador Valadares também existem marcas de um passado não muito remoto, o tempo  dos tropeiros, grupo que por aqui passaram, e deixaram vestígios dessa  passagem, UMA ARGOLA. Nela eram  amarrado os burros e mulas, ali  eram deixados o tempo necessário para tratarem as cargas e fazerem as compras que levariam de volta. E atualmente onde poderá ser encontrar este  objeto de memória?Fica ali próximo a um "meio fio", limite entre a rua e a calçada, para ser mais exato e fácil de ser localizado, o endereço é na Rua Marechal Floriano, em frente a casa de número 1188.  Aquele é um PATRIMÔNIO valadarense,  se consiste em estar abandonado, desacreditado de sua importância  como local de MEMÓRIA,  é porque não colocaram nele uma placa, esqueceram de seu valor para a educação,  o conhecimento dos jovens, evitando que estes conhecessem melhor a HISTÓRIA dessa gente, por esta falta de identificação não o faz menor ou diferente do PICO DA IBITURUNA,   ele é símbolo de uma TEMPO em que o transporte era feito em lombos de mulas, burros e cavalos, cotidiano de uma era vivenciado por pessoas daqui,  que moravam na cidade  na quelas ocasião, quando estes animais podiam circular livremente pelas ruas, traziam e buscavam mercadorias, e ainda existia uma relação de comércio, compra e venda direta. 
Alguns tropeiros vendiam alimentos trazidos da lavoura, roça, e ao chegar à cidade, compravam produtos indispensáveis ao campo, eram foices para fazer o roçado, machados, enxadas,  tecidos, entre eles os listrados, "carne seca", as chitas com  desenhos de flores bem colorido; também panelas de ferro, ferro de passar roupa, aquele onde colocava a brasa, ainda  vermelha  e  ferraduras para a tropa. 
Governador Valadares ainda não era  uma cidade "grande" como a que conhecemos,  era   pequena, suas ruas de terra, hoje muitas estão asfaltadas, abarrotadas de veículos, que circulam de um lado para o outro, faltam lugares para estacionarem os carros, até mesmo ficou difícil um pedestre atravessar as ruas, problemas  das grandes  capitais, avanços esses  entre outros deve-se  ao aumento da indústria automobilística brasileira do século XX. 
A ARGOLA É UM PATRIMÔNIO CULTURAL DA CIDADE, MEMÓRIA. SÍMBOLO, DE UM TEMPO na cidade onde existiram pessoas que ficavam inquietas nas portas a esperar pelo toque do CINCERRO do BURRO ou MULA  guia, objeto  levado pendurado no pescoço daquele animal que ia bem a frente da tropa,  este diferenciado dos  outros, por ser todo enfeitado, a ele era dado  tratamento especial,  colocavam peitoral de prata,   considerado  comissão de frente do desfile, o "cartão de visita" do tropeiro, da chegada da tropa, comitiva e das novas  mercadorias, este animal trazia em sua indumentáia  identificavam o poder econômico do dono dessa tropa.
Os TROPEIROS chegavam à cidade cansados, durante semanas de viagens pernoitavam em RANCHOS, nestes alimentavam-se e davam de comer a TROPA.  O RANCHO mais conhecido pelo Senhor Joaquim Inês, tropeiro daquela época, localizava-se nas imediações do PONTAL, era o do  MANASEZO, nome assim conhecido  pelos outro tropeiros da região. Este RANCHO  ficava perto da cidade  quem  dormia lá  soltavam  seus animais para pastorear livremente pela fazenda do ministério. Quem lá dormiam, chegavam cedo à cidade, de manhãzinha, ao raiar do dia, eram os primeiros a vender o que traziam, algumas vezes vendiam tão rápido suas mercadorias, que retornavam no mesmo dia. Outros no entanto, permaneciam,  era a oportunidade de conhcer outros tropeiros vindos de outras regiões do Brasil,  o comum  entre eles, eram as trocas  de objetos, informações, notícias, ou uma boa oportunidade para livrar-se de um burro fujão,  negocio que era conhecido como barganha.
 No momento de voltar para casa, alguns tropeiros não se esqueciam de levar os minos,  "as coisas da cidade",  em meio a tantas novidades, não poderiam esquecer os biscoitos, pães, e para as crianças, os filho, levavam a bala da abelhinha, aquela embrulhada com um papel e nele a marca, o desenho de uma  abelha.
Mas existiam outros RANCHOS: como o de uma dona chamada MARIA, local também proximo do PONTAL, quando deste se lembram os tropeiros. Dão gargalhadas, as noites de lá eram animadas,  MARIA, mulher corajosa, destemida, se provocada por  algum tropeiro inconveniente, a mulher desafiava-o para um TRUCO, se o  “desajuizado” aceitasse o jogo, acabava voltando para casa com os bolsos vazios. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
 
SOARES, Ruth. Memórias de uma cidade.
TINHORÃO, José Ramos. Música Popular: um tema em debate 3º ed.
VAZ, Anita. Frutos de Uma Figueira. Vol 1
MARC BLOCH Barc  Leopordo Benjamin,1886-1944
APOLOGIA DA HISTORIA OU O OFICIO DE HISTORIADOR.
LUCIA, Vera Amaral Ferlini, A Civilização do açúcar.